terça-feira, 9 de novembro de 2010

Violência no Namoro

lOVE SOMETIMES HURT 



 O que é?

Existe violência quando, numa relação amorosa, um exerce poder e controlo sobre o outro, com o objectivo de obter o que deseja.

A violência nas relações amorosas surge quando:

os rapazes pensam que:
- têm o direito de decidir determinadas coisas pela namorada
- o respeito impõe-se
- ser masculino é ser agressivo e usar a força

as raparigas acreditam que:
- as crises de ciúme e o sentimento de posse do namorado significam que ele a ama
- são responsáveis pelos problemas da relação
- não podem recusar ter relações sexuais quando ele deseja

A violência não conhece fronteiras de estratos sociais, faixas etárias, religiões, etnias, etc, e ocorre em todos os casais (hetero e homossexuais).



Normalmente a violência não é uma constante na relação, acontece ocasionalmente, e após o episódio de violência existe a chamada fase de “lua-de-mel”. Nesta fase o agressor procura desculpabilizar-se e desresponsabilizar-se, pedindo desculpa, oferecendo presentes e prometendo que a violência não voltará a acontecer.


As razões pelas quais os jovens mantêm uma relação de namoro violenta são várias, entre as quais:

1. Gostar realmente do namorado, querer que a violência acabe e não o namoro, e acreditar que poderá mudá-lo.

2. A pressão do grupo:

- Aquilo que as nossas amigas e amigos pensam sobre nós tem muita importância e gostamos de sentir que somos aceites.
- Os namorados normalmente partilham o mesmo grupo de amigas e amigos, o que é que o grupo vai fazer se terminar o namoro? Vai escolher ficar do lado dela ou dele? E se não acreditarem nela, ao saberem os motivos que a levaram a terminar a relação? E se escolherem ficar do lado dele? Os rapazes que são violentos em privado, podem aparentar serem calmos e carinhosos publicamente.

3. A vergonha (por exemplo: de contar à família e amigas/os o que se está a passar)

4. O medo (por exemplo: das represálias, perseguições, ameaças)


É preciso muita coragem para terminar uma relação que não é violenta, torna-se ainda mais difícil quando se trata de uma relação violenta e abusiva.



 

O que posso fazer se uma amiga estiver envolvida numa relação de namoro violenta?

Se queres apoiar a tua amiga, é muito importante que ela perceba que está a viver uma relação amorosa violenta. Podes dizer-lhe que:

- a violência é um crime punível por lei
- ela tem direito a viver sem violência e a ser respeitada pelo namorado
- procure alguém com quem falar sobre o assunto e que a possa auxiliar e informar (familiar, professor/a, psicólogo/a da escola, associações.

Se pensas que a tua amiga se encontra numa situação de perigo iminente e que não consegue falar com ninguém, diz-lhe que vais procurar apoio de alguém de confiança.

O fim da relação não significa o fim da violência. Por vezes, o ex-namorado não aceita o fim da relação, continuando a perseguir e a controlar todos os passos que a ex-namorada dá.


Daí que seja importante ter em conta algumas medidas de segurança:

- Mudar o número de telemóvel
- Mudar de e-mail
- Mudar a fechadura do cacifo da escola
- Procurar caminhos alternativos para os locais que habitualmente frequentas
- Procurar andar acompanhada
- Falar da situação com pessoas de confiança que possam apoiar em situações de emergência
- Manter um diário sobre as situações de violência que ocorreram
- Gravar no telemóvel os contactos necessários em caso de emergência (112, polícia local, pessoa de confiança)






 
     

Quais as consequências de uma relação violenta?

A violência no namoro tem consequências graves em termos de saúde física e mental para a jovem, tais como:

- Perda de apetite e emagrecimento excessivo
- Dores de cabeça
- Nódoas negras
- Queimaduras (ácido, pontas de cigarro)
- Nervosismo
- Tristeza
- Ansiedade
- Sentimentos de culpa
- Baixa auto-estima
- Confusão
- Depressão
- Isolamento
- Gravidez indesejada
- Doenças sexualmente transmissíveis
- Baixa dos rendimentos escolares ou abandono escolar
- Suicídio

Enquadramento Legal

A violência entre namorados é um crime punível pela lei (Código Penal, Artigo 143º
Ofensa à integridade física simples

1 - Quem ofender o corpo ou a saúde de outra pessoa é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa.
2 - O procedimento criminal depende de queixa, salvo quando a ofensa seja cometida contra agentes das forças e serviços de segurança, no exercício das suas funções ou por causa delas.
3 - O tribunal pode dispensar de pena quando:
a) Tiver havido lesões recíprocas e se não tiver provado qualquer dos contendores agrediu primeiro; ou
b) O agente tiver unicamente exercido retorsão sobre o agressor.
(redacção da L 100/2001 de 25/08)
Artigo 144º
Ofensa à integridade física grave
Quem ofender o corpo ou a saúde de outra pessoa de forma a:
a) Privá-lo de importante órgão ou membro, ou a desfigurá-lo grave e permanentemente;
b) Tirar-lhe ou afectar-lhe, de maneira grave, a capacidade de trabalho, as capacidades intelectuais ou de procriação, ou a possibilidade de utilizar o corpo, os sentidos ou a linguagem;
c) Provocar-lhe doença particularmente dolorosa ou permanente, ou anomalia psíquica grave ou incurável; ou
d) Provocar-lhe perigo para a vida;

é punido com pena de prisão de 2 a 10 anos.
Podes apresentar queixa em qualquer posto da PSP ou GNR.


Mitos e realidades

Mito:
A violência no namoro não é uma situação comum nem séria.
Realidade: A violência não é apenas um problema de adultos, também ocorre nas relações amorosas entre adolescentes.

Mito: As adolescentes gostam dessas relações ou não continuariam com o namoro.
Realidade: As adolescentes mantém as relações de namoro por várias e complexas razões, nunca por gostarem de ser abusadas. Ninguém se mantém numa relação de abuso porque gosta, e sair duma relação violenta pode ser um processo muito difícil.

Mito: Um rapaz grita ou bate porque gosta da namorada.
Realidade: Os rapazes que agem dessa forma estão a usar a violência para controlar a namorada. Gostar de alguém quer dizer respeitar a pessoa não a agredindo.

1 comentário:

  1. Chocante, mas é a realidade de hoje em dia infelizmente.

    Mariana Dias

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